domingo, 12 de setembro de 2010


Haikai (em japonês: 俳句, Haiku ou Haicai?) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas).

Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo. Muitas vezes, há uma pintura a acompanhar o haicai (ela é chamada de haiga). "Haijin" é o nome que se dá aos escritores desse tipo de poema, e principal haijin (ou haicaísta), dentre os muitos que destacaram-se nessa arte, foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual.



Na Bahia, o principal cultor de haicais na modernidade é o poeta Sérgio Marinho que, assim como Leminski - que em seu livro Bashô,recomendava àqueles que quisessem entender o zen a matricularem-se na mais próxima academia de artes marciais -, é um orgulhoso faixa-preta.

A obra de Sérgio Marinho anda dispersa e pouco publicada em nossos veículos especializados, pois ao que nos parece, o poeta é uma exceção. Avesso às publicações, sequer tem o cuidado de catalogar seus poemas que ficam guardados exclusivamente na memória. Também são raras as oportunidades de vê-lo recitar em público.

São de sua lavra os seguintes haicais:



todos os meus ais

cabem

num hai-kai



ao olhar do travesti

confesso:

não resisti



E ainda:



em matéria de vôo

tira de letra

a borboleta



Além de ser um profundo conhecedor dos elementos que compõe o haicai, uma peculiaridade a ser observada nos poemas de Sérgio Marinho é o seu cuidado artesanal com a linguagem, o uso da rima, ora entre o primeiro e o terceiro verso, ora entre o segundo e o terceiro, instrumento que vem sendo deixado de ser usado pela maioria dos cultores do haicai no Brasil.

Se por um lado percebemos uma ressonância marcadamente concretista na poesia de Sérgio Marinho, por outro, o que nos chama a atenção é certo eco melancólico que o poeta encobre ao mesmo tempo que o difunde, mesmo sem se propor.

Apesar de existir a opinião de que, de um modo geral, o haicai está marginalizado em meio à plêiade literária brasileira, o que percebemos é que muitos são os poetas que se enveredam por suas trilhas. No entanto ainda se faz necessário um estudo mais aprofundado sobre o gênero, pois o que existe são apenas referências históricas e ligeiras pinceladas nos suplementos literários com comentários a respeito dos trabalhos de alguns haicaístas brasileiros.

FONTE: http://www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=3781

O CAMINHO DO MEIO



WU WEI



Durante seis anos, Siddhartha e os seus seguidores viveram em silêncio e nunca sairam da floresta.

Para beber, tinham a chuva, como comida, comiam um grão de arroz ou um caldo de musgo,ou as fezes de um pássaro que passasse. Estavam tentando dominar o sofrimento tornando as suas mentes tão fortes que se esquecessem dos seus corpos.

Então... um dia, Siddhartha escutou um velho músico, num barco que passava, falando para o seu aluno...
"Se apertares esta corda demais, ela arrebenta;
e se a deixares solta demais, ela não toca."



De repente, Siddhartha percebeu de que estas palavras simples continham uma grande verdade, e que durante todos estes anos ele tinha seguido o caminho errado.

Se apertares esta corda demais, ela arrebenta; e se a deixares solta demais, ela não toca.

Uma aldeã ofereceu a Siddhartha a sua taça de arroz.

E pela primeira vez em anos, ele provou uma alimentação apropriada.

Mas quando os ascetas viram o seu mestre banhar-se e comer como uma pessoa comum, sentiram-se traídos, como se Siddhartha tivesse desistido da grande procura pela iluminação.

(Siddhartha os chamou)

- Venham...
- e comam comigo.

Os ascetas responderam:
- Traíste os teus votos, Siddhartha. Desistiu da procura. Não podemos continuar a te seguir. Não podemos continuar a aprender contigo.
e foram se retirando, Siddharta disse:
- Aprender é mudar.

- O caminho para a iluminação está no Caminho do Meio.

- É a linha entre todos os extremos opostos.
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O Caminho do Meio foi a grande verdade que Siddhartha descobriu, o caminho que ensinaria ao mundo.